terça-feira, 8 de outubro de 2013

Questão sobre os Sonetos Luxuriosos, de Pietro Aretino

Sobre os sonetos contidos neste livro literalmente "maldito", escreve José Paulo Paes, tradutor da edição brasileira que acabamos de ler, o seguinte: "Neste sentido, quer pela crueza da linguagem, quer pela carnalidade de sua temática, os sonetos aretinianos podem ser considerados o avesso da poesia culta de sua época, a qual [...] recebera de Dante e de Petrarca o gosto pela divinização da mulher [...]" (PAES, José Paulo. Uma retórica do orgasmo. In: ARETINO, Pietro. Sonetos Luxuriosos. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 32-33). Desenvolva, através de comentários próprios e de exemplos tirados dos sonetos de Aretino, essa hipótese apresentada por Paes. 

Os versos de Aretino validam amplamente a hipótese apresentada pelo tradutor. Ao abordar uma temática extremamente carnal, em um texto descritivo, o autor faz bom uso de linguagem crua e direta, apesar de usar, por vezes, rimas pobres como a formada pelas palavras "nabo" e "rabo".
Ao descrever explicitamente um modo de vida libertino, criando uma ode ao sexo, Aretino fatalmente quebra o paradigma de divinização da mulher, que aqui deixa de ser intocável e tem suas partes erógenas citadas e à exaustão:

"Que notável prazer não tereis tido
De ver a cona ou o cu nessa apertura,
Em modos incomuns de ser fodido.
...
Na cona hei de foder-te boa data
De vezes, pois em cona ou cu entrando,
O pau faz-me feliz e a ti beata."

Nenhum comentário:

Postar um comentário