Semana passada, como atividade proposta para disciplina de Fundamentos das Artes Visuais, ministrada pela Professora Elida Tessler, visitei pela primeira vez o Estúdio Galeria Mamute, surpreendentemente a umas duas quadras da minha casa, no centro de Porto Alegre.
Lá estava em exposição uma mostra de Daniel Escobar: "você está aqui". Com curadoria de Bernardo José de Souza.
Ao chegar fui muito bem recebido pela diretora do estúdio, Niura Borges. Simpática e atenciosa, contou um pouco sobre a história do lugar, que já funciona neste local há cerca de 2 anos, promovendo exposições de arte, mostras audiovisuais, cursos, palestras, intercâmbios e residência artística. Feito isso, tivemos uma breve conversa sobre a mostra ali exposta antes dela se retirar rumo ao escritório situado aos fundos da galeria.
- A mostra -
A disposição e tamanho das salas do estúdio, bem como o fato das mesmas estarem em um prédio antigo (aqueles do centro com arquitetura portuguesa do fim do século XIX, início do XX) tornam o ambiente aconchegante e proporciona contato próximo com as obras. Lá estavam acomodadas as 5 que integram a mostra.
A primeira obra que observei chama-se "Permeável XXV (Perto Demais)". Trata-se de um cartaz composto por diversas camadas resultantes da colagem e sobreposição de fragmentos de outdoors doados por empresas colaboradoras, que recebem a interferência de pequenos furos, produzidos com um perfurador de escritório. Vi representado nesse quadro uma síntese do aglomerado de informações visuais que recebemos passivamente todos os dias no espaço urbano. Também acho que a "permeabilidade" que os furos atribuíram à imagem (ou às imagens) remete à efemeridade de tais informações, ao mesmo tempo que confere um tom misterioso à informação resultante da soma das demais.
Permeável XXV (Perto Demais), 2012. Foto: Márcio Oliveira |
Scrollbar, 2013. Foto: Márcio Oliveira |
A transição da primeira para a segunda sala é guiada por uma parte da instalação que compõe a terceira obra: "Continuous". Composta por tiras de papel branco que saem de máquinas fragmentadoras de ferro alimentadas por bobinas. No centro, as tiras vindas de diferentes direções formam um entrelaçado de linhas horizontais, verticais e diagonais que remontam as vias urbanas da parte planejada da cidade de Belo Horizonte. A exatidão e simetria das ruas bem construídas entra em contraste com a confusão das tiras de papel que as dão origem. O próximo passo seria transferir a rigidez arquitetônica do centro para as tortuosas vias periféricas ou inserir uma dose de "caos" na parte planejada?
Continuous, 2012. Foto: Márcio Oliveira |
Atlas de Anatomia Urbana, 2012. Foto: Márcio Oliveira |
Guia turístico da Itália. The World, 2011. Foto: Márcio Oliveira |
Guia turístico de Pequim. The World, 2011. Foto: Márcio Oliveira |
Como proposto pela Professora Elida, segue minha pergunta para o Daniel Escobar: Daniel, percebi uma sequência lógica dada pela ordem de apresentação das obras: Porto Alegre (o lar de origem), Belo Horizonte (mudança para cidade maior e distante de casa) e mundo (estágio mais avançado desta libertação e desprendimento). O quarto que representa o mundo ainda é pequeno e mal iluminado (um ambiente até um pouco onírico). Algum dia pretendes fazer o caminho inverso, em ordem e tamanho?